sábado, 2 de março de 2019

casarão art nouveau na rua Nothmann


Casa situada em Campos Elíseos, o primeiro bairro planejado para elites econômicas de São Paulo. Essa região sofreu deterioração material nas décadas seguintes, apesar de, ainda hoje, contar com significativo número de casarões e palacetes, construídos a partir do fim do século XIX. O perfil socioeconômico dos moradores do bairro e o uso das antigas edificações alteraram-se ao longo de gerações. Por isso, um desafio atual é encontrar novas formas convenientes de utilizar esses imóveis, preservar sua integridade estrutural e suas características arquitetônicas, além da decoração original da fachada, que é art nouveau nesse caso. Esse imóvel é tombado pelo CONPRESP. Localização: alameda Nothmann n. 567, bairro Campos Elíseos. Registros fotográficos em 23 de fevereiro de 2019.







sobrados geminados com uso misto

Sobrados geminados de uso misto: (1) lojas comerciais no térreo, com entradas individualizadas voltadas para a calçada, (2) e moradias no andar superior, com entradas e respectivas escadas independentes. São dez inquilinos, no total: seis lojas e quatro apartamentos. Pela estética art decó da fachada, é provável que a edificação tenha sido construída entre as décadas de 1930 e 1940. Época anterior, portanto, à profissionalização do mercado imobiliário e o início de atuação de incorporadores. A primeira metade do século XX é uma fase rentista em São Paulo, em que os imóveis, residenciais ou comerciais, inclusive os edifícios de apartamentos, eram produzidos para o aluguel e não para a venda das unidades. Nesse contexto, o investidor imobiliário continuava proprietário do imóvel após a construção. Localização: rua Barra Funda esquina rua Conselheiro Brotero, bairro Barra Funda. Registros fotográficos em 23 de fevereiro de 2019.









segunda-feira, 5 de novembro de 2018

antigo palacete Oscar Rodrigues Alves


Atual Instituto Italiano de Cultura, antiga residência da família Oscar Rodrigues Alves, construída em 1922, localizada na avenida Higienópolis n. 436, bairro Higienópolis, São Paulo, em terreno de 2.075 m². Esses palacetes foram a principal característica edilícia da região nas primeiras décadas do século XX, quando ela foi loteada em grandes e ajardinados terrenos, substituindo as chácaras inicialmente existentes. Ainda restam alguns exemplares do gênero nas proximidades, hoje protegidos por órgãos públicos de patrimônio histórico da ação predatória do mercado imobiliário formal, como a Vila Penteado, atualmente sede do curso de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.










sábado, 25 de agosto de 2018

edifício Ministro Godoy, Abelardo de Souza

Edifício Ministro Godoy, projetado em 1953 por Abelardo de Souza, incorporado e construído por Banco Hipotecário Lar Brasileiro, localizado na rua Ministro Godoy n. 836, Perdizes, São Paulo. Apesar de escala mais modesta, os edifícios que integram a face leste desse quarteirão têm características de uma superquadra, tal como as asas norte/sul de Brasília: edificações envoltas por áreas aprazíveis, ajardinadas e arborizadas, desalinhadas do sistema viário, cujo trajeto de pedestres redefine as circulações possíveis na vizinhança (os pilotis em trechos do térreo contribuem para ampliar a fluidez do trânsito). Empreendimento provisionado pelo mercado imobiliário da época, mas com qualidades paisagísticas, construtivas e arquitetônicas bastante distintas dos seus congêneres contemporâneos. Esse exemplar indica que, dependendo da conjuntura existente e da relação profissional entre o autor do projeto e seu comitente, é possível sim melhorar a ambiência da cidade cinza a partir de negócios imobiliários privados. O baixíssimo apuro estético e a presença do inexorável neoclássico no bairro escancaram a mediocridade de boa parte da produção atual, ao mesmo tempo em que valorizam essas pérolas realizadas pré-1964. Uma das fachadas posteriores mais bonitas da região, composta por pastilhas cerâmicas coloridas, elementos vazados e escada curva (com fechamento envidraçado). Fotos e visita realizadas dia 25 de agosto de 2018.










segunda-feira, 6 de agosto de 2018

sobrado, rua 25 de Março


Sobrado localizado na rua 25 de Março n. 495, região central de São Paulo. Há registros pictóricos datados do século XIX que mostram um casario colonial nas proximidades da várzea do rio Tamanduateí, onde hoje se localiza a rua 25 de Março. Várias dessas casas foram reformadas a partir do período republicano e elementos decorativos ecléticos foram sobrepostos sobre a singela fachada colonial original, ainda que a configuração fundiária tradicional tenha permanecido: lotes estreitos e profundos, edificações que avançam até o limite da propriedade (laterais e frente). Na segunda metade do século XX, com a consolidação de um intenso comércio popular em toda a extensão dessa rua, a grande maioria dos imóveis foi modificada para atender demandas comerciais dos empresários e as antigas fachadas foram descaracterizadas. A lei da cidade limpa (14.223/06) não foi suficiente para restituir os aspectos paisagísticos da área e o resultado atual é uma pobreza visual aguda, com raríssimas exceções, como o referido sobrado das fotos. Menciona-se que o segundo pavimento está desocupado e visivelmente deteriorado. Esse imóvel não é tombado pela prefeitura. Fotos tiradas dia 23 de junho de 2018.











domingo, 5 de agosto de 2018

edifício Olivetti, projeto de Teléforo Cristofani


Edifício Olivetti, projetado em 1973 por Telésforo Cristofani, localizado na avenida Paulista n. 473. A fachada é inteira envidraçada, há delgados perfis metálicos que estruturam os vidros escuros de fechamento. No entanto, esse conjunto é apenas o invólucro. A estrutura do edifício contém oito pilares perimetrais de concreto armado, quadro deles em cada lateral, todos visíveis da fachada, como observa-se na planta do pavimento-tipo (ver imagem). No centro geográfico do andar concentram-se as circulações verticais e os banheiros, o restante da planta é livre para o inquilino acomodar os ambientes com divisórias leves de acordo com suas demandas. Existe uma infeliz reforma que descaracterizou o pavimento térreo, na face voltada para a avenida Paulista, na região onde instalaram-se dois bancos. Essa reforma desvirtua o volume original projetado, que inclui um pergolado de concreto que marca a transição para os andares superiores. Fotos tiradas dia 24 de junho de 2018.












quinta-feira, 2 de agosto de 2018

antiga sede do Grande Hotel

Antiga sede do Grande Hotel, edificação projetada em 1907 por Oscar Kleinschmidt, localizada na rua São Bento esquina rua Miguel Couto, Largo do Café, Sé, São Paulo. Um dos edifícios com decoração eclética mais bonitos do Triângulo Histórico. A conjugação dos caracteres clássicos da fachada está alinhada com a linguagem utilizada por arquitetos acadêmicos que atuaram na cidade a partir do último quarto do século XIX, como Christiano das Neves e Ramos de Azevedo. A composição é menos relevante do que a profusão de elementos clássicos da fachada. Esse classicismo está presente mesmo em pequenos detalhes, como a porta de madeira na entrada, mostrando que, exceção do material importado, a indústria da construção local estava aparelhada para fornecer produtos dentro das predileções estéticas da elite econômica.